terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A lenda do peixe francês


"Era uma vez um peixe francês
Soturno e muito triste
Se perguntava: será que existem maiores mágoas
Que as minhas nestas águas?!
Dia após dia, imerso em agonia,
Nadava e tudo o que via
Era a arvore verde e amarela na beira do rio
E só pensava nela:

Ainda, a linda borboleta
Inteira feita de estrelas pretas
Que vislumbrou apenas uma vez
E tornou-se o grande amor do peixe francês

E o peixe que nunca tivera dores
Nem problemas com amores
Pois sua memória e consciência no mundo
Duravam sempre trinta segundos
Porém, depois de ver aquele ser,
Arcanjo rompendo seu casulo, num pulo.
Criou fixa idéia na mente
E amor e morte... só sente.

O peixe leva na lembrança
Toda a pujança da paixão que arde
Desde aquela tarde.
A borboleta parecia uma bela letra
No meio de negras constelações e modernos aviões
Verão, outono, inverno e primavera
E a paz pro peixe não viera
Nem nunca mais apareceu
A borboleta que o entristeceu

Muito tempo tinha passado
A vida seguia com alma fria, seu fado
Mas eis que durante a quinta estação do ano
O peixe avistou um ser humano
Assustado, jamais tinha olhado gente assim:
frente-a-frente

Uma mulher entrou na água, nua
Numa negra noite de clara lua
E o triste peixe percebeu no peito da moça de louça
A borboleta de estrelas pretas
As lágrimas no olho do peixe

Eram feixes de emoções por todos os seus corações
Ele olhava a borboleta
Mais bela que o som da clarineta
Mexendo as asas como as algas das sua casa

Depois de chorar de alegria
E conter seu corpo, em folia
O peixe viu a linda moça de louça
Serena, saindo do rio
Com um riso no canto da boca
E achando assim a vida pouca
Lembrou que era o décimo terceiro mês:
Época em que todo peixe francês
Vê o seu amor pela última vez"






VALIDUATÉ

Cálice sem fim

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Passatempo de Outrora


Brinquedo da minha auréola

Quando moleque negava

Agora rusgo, àquelas horas.

Campeio em falha memória

Procure-me e se possível

Encubra-me com teu solene riso.

Pois o belo, questão faz de esconder

Assim como o silêncio camufla a dor.


Baerdal - Leandro Tavares

Cálice sem fim

Gangorra

Quando cerraste os dentes da partida, acalmei a dor da carne nua com compressas de icebergs, para tentar abrandar a saudade que achinca...