domingo, 7 de junho de 2009

O ALFORJE DO INFANTE


Olha a pedra no meio do asfalto.
Olha a boiada na rua do acaso,
pedindo espaço nessa madrugada.
Olha o gato pulando o muro,
subindo o telhado,
descendo a escada.
Olha a pedra no meio da testa,
descendo o sangue, sorrindo a desgraça.
Olha o menino que passa na rua olhando a menina a pegar o seu gato,
essa menina lhe faz um convite
olhando nos olhos sorrindo em brasas.
É a menina que usa uma saia
e dança ciranda, levanta a toalha e pega a navalha.
O menino disfarça o convite
pega o gato na ponta dos dentes.
O menino que pula o muro,
que sobe a escada e vê a menina
chegando em farrapos.
Olha o menino que vê novamente
A sombra do asfalto escorrendo na mente.
E a boiada que espanta o menino, adia a desgraça
nessa madrugada.
Olha o menino que pega o gato,
coloca a menina dentro do saco e esconde a navalha.
É o menino que pula as cidades,
que banha nos rios
da hilária demência.
É o menino que vê no sorriso
o triste e o contente
o doce da mente que parte a semente que não germinou.
É o menino que pula no rio
deixando o saco de tão assustado.
É o rio da eterna corrente deixando o gato chorar sua dor.
Baerdal, Cálice sem fim...

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