... Porque, como diria Quincas Berro d'Água, “ouvido de morto não é pinico”, mas “poesia ruim é melhor que nenhuma.”...
sábado, 30 de outubro de 2010
Um dia eu disse que...
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
Arco-íris no domingo
Amanheci com o cantar de pardais na minha velha janela estilhaçada, como se eles falassem: acorda moço, o dia está belo, ira perder tanto tempo assim?
Sorri, abri os olhos serenamente e fui tomar um banho, imaginando um lago com uma enorme queda d’água, despertando minha alma um pouco adormecida.
Fui à mesa, e lá estava um belo café da manhã, suco de laranja, bolos, pães e salgados, mas não fiquei tão entusiasmado, pois amanheci com o apetite da alma, então fui eu espalhar passos lentos como o passar dos tempos, passei por um vasto campo, cheio de flores, cores e perfumes ao ar, pássaros cantarolando suas mais belas melodias, os beija-flores e suas cores exuberantes, com vôos ternos as borboletas a pousar nas margaridas, estava estarrecido com tamanha beleza que teimava em não ver, mas o que mais me impressionou não foram às margaridas, os beija-flores ou as belas borboletas, vi uma flor, sem cor, nome, nem perfume, parecia que não queria sequer um jardim, precisava de carinho, carecia de toda paciência possível, pois nem mesmo as borboletas e os beija-flores ficavam próximo dela, sentia-se isolada de tudo e de todos, aproximei e com afeto despertei o que lhe faltava, a atenção de um silêncio diurno.
Passei por esse campo em uma tarde de domingo, e caíam gotículas de água em meu peito, e os carregavam de pressentimentos, senti uma sensibilidade de alguém que perde a visão aos 12 anos, e que anda suavemente para não quebrar sequer um graveto, evitando assim, algazarras para não descompassar o silêncio do campo.
Senti que aquele formoso campo algo de especial existia, pois mesmo ao silêncio da tarde de domingo ele cantava as mais gentis melodias, com os passos carregados de brandura, vou estendendo os braços e docemente passo minhas mãos transportadas de sensibilidade nas mais diversas flores e nas rosas para sentir suas pétalas, e sem qualquer medo de espinhos... Assim repousam em minhas mãos os beija-flores e alimentam-se do néctar deixados pelas flores e partem em direção da flor e alimentam-se, resgatando o sorriso de outrora dor.
Olho mais uma vez para o campo, vejo a flor cheia de cores, cheia de nomes e perfumes, vou embora sem pressa com o dever cumprido, vou com a sensibilidade de uma criança cega sentindo um arco-íris em um dia de domingo.
LEANDRO TAVARES - BAERDAL
Cálice sem fim
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Aquarelar
Percorro a rua
Reparando flores a rezingar
Vejo os beija flores sem pousar, indelicadezas vêm beijar.
Passo pelas praças, jorrando amores.
E as lágrimas evaporam
Quando todos sentam.
Onde está o girassol que não gira?
É que o sol não te brilha
Passei por sua casa e gritei, vem comigo pintalgar
Sai do quarto, não deixa a cinza rabiscar.
Se erga
Vem colorir o tempo.
Aquarelar
LEANDRO TAVARES - Baerdal
Cálice sem fim
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
Balões de Saudades
Acinte repentino aos meandros dos sinais,
Balões azuis invadem no tempo uma casa esquecida
o sobrado coberto de flores, antigas cores,
em descanso extenso
Em forma de ternura uma moldura na parede em rugas
um sorriso mostra o brilho de uma rosa perdida
Esses balões azuis de brio eterno
A casa ainda com cheirinho de rosas
rubras em lentos sinais de um outrora
resiste de uma eterna saudade
que ainda me olha
O que pode ser rasante
Torna-se constante
O sorriso caminha por aquela rua que você nomeou saudade
E por saudade o lindo balão azul volita.
LEANDRO TAVARES - Baerdal
Cálice sem fim
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
"De repente, não mais que de repente"
Foi como o poeta se expressou: “De repente, não mais que de repente,” sorrindo dentro de um possante opala negro, desce com todas as poupas com sua voz de estremecer o silêncio da noite a chamar por mim, eu que estava sentado no terraço no vazio de meu banco, retornando após a procura incansável da felicidade, miro a penumbra e levanto já sem forças, foco nos seus olhos e sem rodeio pergunto, o que desejas senhor?
Com socos de poesias, chutes sem rimas, puxadas em fortes versos, puxões de sonhos em golpes certeiros no peito, deixou-me estatelado no chão com hematomas e dores de saudades.
Com olhar em rios de brasas foi-se embora sem responder-me.
LEANDRO TAVARES - Baerdal
Cálice sem fim
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Em bares
Espanto no canto do branco
Aos encantos de prantos me console
Não fosse a hora de tantos
No entanto vou embora
Pois de santo sou manco
Não me confronto com o eu afora
Estou na sala dos desencantos
É verve, ainda aflora
Dou rasteira sem corda pra parar sem hora
Pra errar, me manco sou eixo sem roda
E se uma hora for canto
Me mando, vambora
Ta chegando aurora
Dia de resmungar
Vou chegar sem demora, se manca desengana
No entanto sou branco
E branco no preto
Me espanto, mas distraio com o raio do sábio
É só espanto
Não sou santo
Sou preto no branco.
LEANDRO TAVARES - Baerdal
Cálice sem fim
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Minha saudade tem nome e endereço
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
A esperança de um poeta não ser abandonado
Não contive o tempo
As palavras borbulhavam, queriam gritar a poesia inacabada
Tentei ausente da escrita ficar, não contive esse infinito de mim
É que eu queria saber quem se encontrava do outro lado
Quem ateve a ler a poesia de um poeta abandonado.
Nesses dias ausentes
Saber se rir ou se faz de mim um farto lago.
Voltarei sem pressa, pois muito tenho a escrever
Dos quilômetros que separam minha saudade.
Saber simplesmente quem se encontra do outro lado.
Espero não ter ficado pelo menos da poesia desamparado.
LEANDRO TAVARES - Baerdal
Cálice sem fim
Gangorra
Quando cerraste os dentes da partida, acalmei a dor da carne nua com compressas de icebergs, para tentar abrandar a saudade que achinca...