segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Rodeios sem afetos


As intermitências.

As reticências.

Tenha paciência.

Diante de tanta demência.

As transformações metafísicas de uma metáfora da plataforma poética.

Aos suspiros interplanetários dos murmúrios fugazes.

As intermitências...

As reticências...

Tenha paciência,

Diante de tanta demência.

As conturbações poéticas.

As ilusões metafísicas líricas.


Infinitas inclinações de meandros, que se vê e que não passa.


LEANDRO TAVARES - Baerdal

Cálice sem fim

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Era meia noite e meia


Já passava da meia noite e meia, fazia um imenso calor, levantei com passos de zumbi ouvindo o canto da diáspora, fui à cozinha para saciar uma sede que de ontem me consumia, de repente alguém me chama e assustado vou ao portão de acesso a insanidade terrena, a passos lentos de quem recebe um abraço de despedida desato-me da saída, o frio por completo envolvi-me um arrepio que chega a trincar o dorso, uma folha seca cai aos meus pés e se desintegra, vejo um vulto, invento uma coragem que não tenho vou à esquina e por lá em devaneios uma melodia de outrora ressoa e um perfume bem suave arquejando pela madrugada do meu medo, olhos nos olhos de uma visão escapatória poética e um sorriso descrente que o terço na terça condena, de tão pasmo corro, fecho o portão da insanidade, vou ao meu quarto tranco em cadeados, desligo a luz e o edredom finda o medo.

Uma boa noite chega ao meu encontro.

Aaaaahhhhhhhhhaaaaahhhhhhhhhaaaaahhhhhhhhhaaaaahhhhhhhhh


Baerdal

Cálice sem fim

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Verso inverso


O minuto que se torna hora

O campo que um dia aflora

A rosa cálida que chora

O jardim do eu afora.


LEANDRO TAVARES - Baerdal

Cálice sem fim

terça-feira, 24 de agosto de 2010

A CERTEZA DAS INCERTEZAS


Não anseio mais que seu beijo.

Ouvir suas palavras

Sentir teus afagos

Hoje e no por vir.

Mas o ardente se apaga.

Amor que retrai

A dor que machuca

E não sei de onde vem.

E um copo gelado

De um pastelão mexicano

A palavra assanhada

Um pedido, carinho.

A doce donzela

Que o tempo ganhou

Fecha as portas

E não vê quem passou.

As cinzas de um temporal

O cheiro da fuga

O aperto do medo

A incerteza do não.



LEANDRO TAVARES - Baerdal

Cálice sem fim

sábado, 21 de agosto de 2010

Da minha vontade


Deixa acreditar em felicidade plena

Deixa acreditar que acordo ouvindo os mais belos pássaros em minha janela

Deixa acreditar que um dia passando pelas praças das cidades as borboletas venham pousar em minhas mãos, pois para elas serão como duas flores e ali passaram mais que 24 horas.

Deixa acreditar que o final feliz não exista apenas em filmes e novelas

Deixa acreditar que todos os dias são dias de festas

Deixa acreditar que mesmo diante de uma batida de transito, um engarrafamento em pleno meio dia todos estarão sorrindo e se felicitam

Deixa acreditar que o amor não se quebra como cristais

Deixa acreditar que caminhando pelos campos aparecerão lindos balões coloridos no azul do céu.

Deixa acreditar que tudo é possível mesmo havendo o impossível

Deixa acreditar que um dia possa esbarrar com o amor da minha vida em uma praça e juntos sorrir de tudo

Vou sair pelas ruas ouvindo as mais belas melodias e acreditar em tudo, você vêem comigo?


LEANDRO TAVARES - Baerdal

Cálice sem fim

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Estou com vontade de fazer da minha vida um stradivarius


Um stradivarius totalmente sem previsão, com sons saudosos e refinados, Pode ser que daqui a um mês eu possa conseguir, pode ser que leve dias ou quem saiba até anos, ta tudo bem estou de boa estou com paciência. Eu tenho muitas, muitas coisas para dizer e fazer. A Raianna pode confirmar que eu continuo sendo uma cachoeira de opiniões e reflexões e sentimentos, de todas as qualidades.

Acho que vou prestar serviço gratuito, vou ficar horas nas praças e oferecer esses tipos de serviços, quando perceber que existe alguém a procurar uma rua, uma praça ou uma instituição irei correndo para prestar tal informação, quem sabe não me sinta melhor assim? Mas estou trabalhando, ai fico quase sem tempo de assim fazer, estou tentando fazer poesias, estou tentando, como sempre, dominar o EU, tentando não pensar asneiras, não comer comidas distorcidas de afeições, minhas refeições não consigo mais fazer, pois as vezes trago almoço do trabalho para casa é que cansei de sanduiches,estou tentando também manter meus 84 quilos. Estava pensando em fazer um Cooper nos finais de semana, entrar na academia, mas no momento desisti de tentar malhar, mas depois eu volto a pensar.

Inicialmente vou lavar minha calçada todos os dias, jogar todas as dores no esgoto, e trazer o som perdido de alguns stradivarius, se preciso for, farei o que Perseu realizou, nem que pra isso deixe meu transporte em casa e venha caminhado, eu sinto saudades de fazer alguma coisa criativa, outro dia fui a um barzinho com meu filho e fiquei ouvindo musicas aí fiquei pensando em arte, em criação, em realização. Bla bla bla. O de sempre. Que eu quero escrever, e cantar, e tocar um instrumento, e compor, e cozinhar.

Aí no dia seguinte deixei meu transporte em casa, fui caminhando durante uma semana para o trabalho é verdade (sorrisos), é que escrevia caminhando, pegava uma folha e uma caneta e começava a sair alguns rabisco de textos, parava, escrevia, parava, escrevia, o pessoal que passava por mim nos carros ficavam observando e acho que eles duvidavam se eu era normal, nem ai, sorria e dava um bom dia para eles, que se dane a opinião alheia,

Esse papo de que as palavras não deixam a alma em paz , comecei a ignorar, caneta e uma folha para elas.


Minha vida meu stradivarius.


LEANDRO TAVARES - Baerdal

Cálice sem fim

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Não tão ausente! Sentimento, palavra que não se esquece


Inicia-se o dia!

Antes de abrir os olhos penso em você para criar ânimo, passadas lentas ao caminho do banho, o ânimo a brilho e meio deseja reaparecer, então como se estivesse debaixo de uma queda d’água imagino meu corpo ainda que adormecido despertasse para um novo dia, como de praxe café não existe mais, pois recito uma poesia para alimentar meu dia...

Se à tarde bela fosse

A noite clara

Apenas sorria.

Se ela chegasse

E um beijo doce desse

Tudo acalmaria.

Parto ao recinto dos proletariados sem a armadura colocar, pois até chegar deixo a brisa no rosto tocar para ouvir os acordes do dia e criar distante de ti coragem.

Aos poucos, tudo vai se encaixando novamente, pois sei que isso não passava de meu terno desejo consciente de mais uma vez reencontrar você, os sonhos que até então não pareciam querer materializar-se mudaram de direção de uma forma inesperada, é que de repente uma noticia chega à minha sala, alguém está a sua procura, eu ainda sonolento pergunto: quem? E a moça que a mensagem veio me dá, com um sorriso responde, É ELA, já sentindo sua presença, ainda sim retruco, ela quem? E então é quando ela fala o teu doce nome, ao ouvir novamente o teu nome, o peito acelera como vôos frenéticos de milhares de colibris, os lábios ficam secos como areias do Saara, cor não existe mais, as mãos frias como o gelo da Sibéria, com passos cambaleantes e o tremer contínuo, pego a maçaneta e lentamente abro a porta, não sei o que passava pela minha mente naquele exato momento, quando a vejo não consigo acreditar, meu peito solta fogos que cobriria o réveillon de Copacabana por durante dois anos, houve festa no mundo das fadas...


”entre os sacis e as fadas.

E lá no fundo azul

na noite da floresta.

A lua iluminou

a dança, a roda, a festa.”

Os gnomos deambulam, unicórnios, duendes pareciam amigos de infância houve festa no mundo das fadas, vejo o teu sorrir que nunca se ausentou em mim, o olhar cor de mel que jamais deixaram de brilhar em minha lembrança, os brilhos deles vieram novamente de encontro aos meus, tua voz emanando o som das mais belas canções que juntos um dia ouvimos, o teu feitio brando, serenando meu dia, tuas mechas deixando ainda mais linda tua face.

Mil pensamentos voando a milhares de anos luzes em meu peito ao ponto de aterrissar o teu peito no meu por mais uma vez.

Abracei-te com todo o amor que tenho por ti e senti a mesma saudade, o mesmo carinho, o compasso dos nos peitos no mesmo ritmo, foi o tempo necessário para redescobrir um amor que nunca se ausentou.

Após o abraço, veio o silêncio, o sorriso, e o brilho no olhar era a resposta que eu tanto queria ter...

Depois de mais de meses sem saber noticias suas, passei pela rua chamada saudade, e lá sentada você estava, e te fiz companhia.


LEANDRO TAVARES - Baerdal

Cálice sem fim

sábado, 14 de agosto de 2010

Um pouco de música pra mim


Eu tenho pra mim que aquele amor
Não era só pra dizer - era nada
- eu tenho pra mim que aquele amor
Não era só pra dizer - não tem nem rumo.

Tu trazias pássaros entre os dedos
Tu regias o fogo fantástico da constelação
Tu brincavas com dez sóis desafinando
Os eclipses das almas alheias
Tu abrias o sonho louco do querer em excesso
Tu puxavas um armário aberto balançando um lençol azul
Tu cantavas docemente no meio do vento e
Todo momemto é uma maravilha
Tu sopravas a vida pulsando belamente
Tu andavas pela cidade e nós amantes éramos
Um filme de cores antigas e fortes
Tu erguias a gambiarra acústica do coração

Pelos pátios partidos em festa


Validuaté

Cálice sem fim

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

DESAGUAR


Beira fria

Beira amar

Algumas vezes

Rio mim vida

Distante do mar.


LEANDRO TAVARES - Baerdal

Cálice sem fim

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A NUVEM


Havia uma pequena brecha sobre o teu telhado cor de terra molhada, conseguia ver parte do recinto que repousa, as paredes cor-de-rosa do Himalaia davam o tom sereno, vi sobre a cabeceira da cama um lindo aquário com um formoso peixe azul ele dava pulos de alegrias, como se quisesse dar-te carinho, um lindo bonsai dava um ar perene, notei até orvalho em suas pequenas folhas verdes e lindas sementes vermelhas, você mais parecia que estava ouvindo o canto de milhares de uirapurus e observando o bailar das araras azuis do seu estado natal, como fiquei feliz ao ver teu pacato sono por mais uma vez, teus olhos cor de mel ainda que fechados brilhavam, e os teus cabelos parcialmente escondendo teu belo vulto, sorri. De repente, notei que poeiras entravam pela brecha, foi ai que aflito olhei para todos os lados e avistei uma nuvem azul que passava e gentilmente a pedi que cedesse uma estilha sua, para que eu bloqueasse a brecha e assim a poeira não deixasse o ar tão pesado em copioso lar, a nuvem então sorriu pra mim e falou: sou do tamanho do teu sonho, faça o que bem quiser... Com a nuvem azul, envolvi todo o teu quarto e assim você voltou a dormir, mas deixei uma passagem secreta para quando eu quiser voltar.


LEANDRO TAVARES - Baerdal

Cálice sem fim

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A ARTE DO MUNDO

Soldados armados

Explosões

Rios de sangue

Pais

Filhos

Mortos

Feridos

Heróis

Esquecidos.


LEANDRO TAVARES - Baerdal

Cálice sem fim

sábado, 7 de agosto de 2010

O poema meu que não é meu


E agora, o que eu vou fazer?
Se os seus lábios ainda estão molhando os lábios meus?
E as lágrimas não secaram com o sol que fez?

E agora como posso te esquecer?
Se o seu cheiro ainda está no travesseiro?
E o seu cabelo está enrolado no meu peito?

Espero que o tempo passe
Espero que a semana acabe
Pra que eu possa te ver de novo

Espero que o tempo voe
Para que você retorne
Pra que eu possa te abraçar
E te beijar
De novo

E agora, como eu passo sem te ver?
Se o seu nome está gravado no
Meu braço como um selo?
Nossos nomes que tem o "N"
Como um elo

E agora como posso te perder?
Se o teu corpo ainda guarda o
Meu prazer?
E o meu corpo está moldado com o teu?

Espero que o tempo passe
Espero que a semana acabe
Pra que eu possa te ver de novo

Espero que o tempo voe
Para que você retorne
Pra que eu possa te abraçar

Espero que o tempo passe
Espero que a semana acabe
Pra que eu possa te ver de novo

Espero que o tempo voe
E que você retorne
Pra que eu possa te abraçar
E te beijar
De novo
De novo...de novo...de novo...

Nando Reis
Calou-se por mim...

A PROCURA

Busco na vida a essência que nutre a flor

A saudade dos amores

Uma aquarela de um coração sem dor

Os sorrisos sem rumores

Busco na vida o canto dos enamorados


A melodia dos afinados

A criança de todas as cores

Busco na vida a rosa que não roubei

Podendo ser até aquela que um dia te ofertei

Procuro na vida a lágrima que afaga o peito

O beijo que não dei

Deixo a mágoa no leito

O alento miserável, pois de mais sangrei

Pois na vida busco o nascer da água limpa o sorriso no peito

E um amanhecer sem medo.


LEANDRO TAVARES - Baerdal

Cálice sem fim

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

DA SAUDADE


Da saudade

Fiz um monte lírico

Embrulhei em papeis de seda
e colei com uma pitadinha de mel

Como se fosse o teu presente de natal

Com a saudade

Abri a gaveta e guardei com o amor que doei
.



LEANDRO TAVARES - Baerdal

Cálice sem fim

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

A PONTE


Em escrever
O peito
Grita
Palpita
No caminho
A ponte
O monte
O rio
Do outro lado
Frio
Vazio
Sozinho
... eu.
A espera
de um só gesto
do seu extenso
carinho...

LEANDRO TAVARES - Baerdal

Cálice Sem fim

Gangorra

Quando cerraste os dentes da partida, acalmei a dor da carne nua com compressas de icebergs, para tentar abrandar a saudade que achinca...